Direito Civil

Simplificando – Associações (Artigos 53 ao 61 CC/202)

25/03/2025, Por: Wallace Matheus

Este capítulo, inserido no Código Civil Brasileiro, regulamenta as associações, estabelecendo suas características, regras de funcionamento, direitos e deveres dos associados, além de disposições sobre exclusão de membros e dissolução. Vamos abordar os principais pontos artigo por artigo:


Artigo 53

  • As associações são formadas pela união de pessoas, que se organizam para alcançar fins não econômicos. Isso significa que seu objetivo não é o lucro, mas sim uma finalidade social, cultural, educativa, religiosa, esportiva, entre outras.
  • Parágrafo único: Não há entre os associados direitos e obrigações recíprocos. Os associados contribuem em prol da associação, mas isso não gera obrigações entre eles, evitando assim uma relação de parceria econômica.

Artigo 54

Estabelece os elementos obrigatórios para o estatuto da associação. O descumprimento desses requisitos pode levar à nulidade da entidade.
Os itens a serem incluídos no estatuto são:

  • I: A denominação, os fins e a sede da associação – basicamente sua identidade.
  • II: Os critérios para a admissãodemissão e exclusão dos associados, garantindo regras claras sobre ingresso e saída.
  • III: Os direitos e deveres dos associados – como participar, votar, contribuir etc.
  • IV: As fontes de recursos para a manutenção da associação – essencial para sua sobrevivência.
  • VI: As condições para alterar o estatuto e para a dissolução da entidade.

Obs.: O inciso V está em branco ou inexistente, o que é uma falha técnica.


Artigo 55

  • Garante a igualdade de direitos entre os associados como regra geral.
  • Contudo, o estatuto pode prever categorias com vantagens especiais, por exemplo, associados fundadores que recebem determinada prioridade ou associados honorários que têm status diferenciado.

Artigo 56

  • qualidade de associado é considerada intransmissível, salvo disposição contrária no estatuto. Isso significa que o vínculo pessoal do associado com a entidade não pode ser “herdado” ou “transferido”.
  • Parágrafo único: Caso o associado tenha quota ou fração ideal do patrimônio da associação, sua transferência a terceiros (por venda, doação ou herança) não transfere automaticamente a qualidade de associado ao novo titular, a menos que o estatuto permita.

Artigo 57

  • exclusão de um associado só é válida se houver justa causa. Isso precisa ser reconhecido por meio de um procedimento que:
    • Assegure direito de defesa e recurso, como por exemplo, a oportunidade do associado se explicar e contestar qualquer acusação.
    • Siga o estatuto, que deve prever as condições e o processo para exclusão.
  • O parágrafo único foi revogado, mas anteriormente esclarecia elementos do processo de exclusão.

Artigo 58

  • Garante o direito ao exercício de funções e direitos conferidos legitimamente ao associado. Um associado só pode ser impedido de exercer seus direitos ou funções caso isso esteja previsto no estatuto ou na lei. Essa regra resguarda a transparência e a previsibilidade dentro da associação.

Artigo 59

  • Compete privativamente à assembleia geral, convocada nos termos do estatuto, deliberar sobre temas de grande importância, como:
    • Alteração do estatuto (como mudar os objetivos, incluir categorias de associados etc.).
    • Dissolução da associação, que demanda uma decisão coletiva e formal.
  • Parágrafo único: As deliberações sobre os assuntos acima exigem:
    • Convocação específica da assembleia para tratar dessas pautas.
    • Quórum mínimo definido no estatuto, garantindo que a decisão seja legítima e representativa.
    • Definição dos critérios de eleição dos administradores.

Artigo 60

  • A convocação para deliberar assuntos é feita conforme o estatuto.
  • Porém, garante-se que, caso pelo menos 1/5 (um quinto) dos associados requeira, a convocação deve ser feita. Esse mecanismo protege a participação ativa dos associados que representam uma significativa minoria.

Artigo 61

Trata da destinação do patrimônio líquido remanescente no caso de dissolução da associação:

  • Destino primário: O patrimônio deverá ir para uma entidade de fins não econômicos que esteja indicada no estatuto.
  • Caso o estatuto não preveja essa destinação, a decisão poderá ser feita pelos associados, desde que contemple uma entidade de fins idênticos ou semelhantes, respeitando os objetivos originais da associação.
  • § 1º: Os associados, caso o estatuto permita ou em deliberação coletiva, poderão receber de volta as contribuições que fizeram para o patrimônio da associação. O valor deve estar atualizado.
  • § 2º: Se não houver no município, estado, ou outra esfera alguma instituição que atenda aos critérios definidos, o patrimônio líquido será destinado à Fazenda Pública (estadual, distrital ou federal).

Resumo dos principais pontos:

  1. Natureza das associações:
    • São formadas para fins não econômicos.
    • Os associados não possuem obrigações recíprocas.
  2. Estatuto:
    • É o documento essencial que estabelece as regras de funcionamento da associação, incluindo direitos, deveres e como proceder em situações como dissolução ou exclusão.
  3. Direitos e obrigações:
    • Associados têm direitos iguais, salvo categorias diferenciadas previstas no estatuto.
    • A exclusão só ocorre com justa causa e garantido o direito de defesa.
  4. Assembleia:
    • É o principal órgão deliberativo, com competência exclusiva para temas como alteração do estatuto e dissolução.
    • Deve seguir quórum e critérios previstos no estatuto.
  5. Dissolução e patrimônio:
    • O remanescente do patrimônio é destinado preferencialmente para entidades com fins semelhantes ou, na ausência, à Fazenda Pública.
    • É possível que os associados recuperem contribuições patrimoniais sob certas condições.

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